A Universidade da Madeira é um espaço onde se transmite todo um conjunto de valores, entre os quais a tolerância, a empatia e a equitabilidade.
A Universidade da Madeira não se revê apenas como uma instituição que faculta aos alunos conhecimentos teóricos e competências técnicas. É um espaço onde se transmite todo um conjunto de valores, entre os quais a tolerância, a empatia e a equitabilidade, transformando os discentes não apenas em profissionais competentes, mas também em cidadãos do mundo. Acreditamos que é através do binómio educação e cultura que alcançaremos novas formas de viver em sociedade, tornando-nos mais aptos a dar respostas adequadas aos desafios ambientais, culturais e humanos com que vamos sendo confrontados, com base nestes princípios basilares.
Partilhamos, assim, a visão e os valores constitucionais da UNESCO, que se refletem em todas as suas convenções internacionais, nomeadamente na promulgada em 2003, que visa orientar as políticas nacionais dos países signatários em termos de salvaguarda do património cultural imaterial.
A nossa missão não se limita, portanto, a providenciar uma formação humana ao mais alto nível. Consideramos que é igualmente nosso papel contribuir para o desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira, em consonância com os valores em que acreditamos. Os vetores estratégicos que nos permitem alcançar este objetivo são diversos. Em primeiro lugar, a nossa ação materializa-se em projetos que favorecem o diálogo intercultural, bem como o envolvimento de diferentes setores da sociedade civil, propiciando também a inclusão da diáspora em volta de objetivos agregadores. Queremos, assim, ajudar os madeirenses a encontrarem o seu lugar próprio num mundo globalizado e dinâmico.
Desenvolvemos, em paralelo, investigações científicas em busca de soluções que nos permitem atingir o nosso propósito, de forma justa, sustentável e ética, privilegiando sempre a interdisciplinaridade. É à luz deste modelo de intervenção, de cariz vincadamente humanista, que devem ser encaradas todas as iniciativas que levamos a cabo para promover as tradições e o património da nossa região.
A nossa intenção de submeter à UNESCO um pedido de inscrição das tradições do Vinho Madeira na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial vai totalmente ao encontro de tudo o que foi enunciado atrás.
Decidimos assumir este projeto, por acreditarmos que esta herança viva é “glocal” e transcultural, mais do que qualquer outra. É, na verdade, o legado que melhor nos representa enquanto comunidade, refletindo fielmente a forma como nos concebemos a nós próprios. Tal como a nossa identidade coletiva, o Vinho Madeira está profundamente enraizado nos “poios” onde cresce a vinha. Mas, ao mesmo tempo, gostamos de contar a quem nos visita que é um vinho feito no mar. O certo é que é embarcado rumo a lugares distantes há mais de 250 anos. Isto torna-o cosmopolita como a nossa cultura, enquanto todo, resultando de um longo processo de hibridação iniciada no tempo dos primeiros colonos. Devido ao facto de ser conhecido em todo o mundo, a manifestação do PCI em análise é um potente vetor de diálogo intercultural.
O facto de partilhar este património com outros povos propicia a integração da nossa diáspora nesses países, onde existem grandes comunidades de madeirenses. Acreditamos que o seu reconhecimento, enquanto manifestação do património cultural imaterial da Humanidade, pode contribuir para reforçar os laços entre aqueles que vivem na região, os nossos emigrantes e as outras comunidades com as quais interagem nos respetivos países de acolhimento.
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