Entrevistas de Viticultores Publicadas pela Cátedra UNESCO da Universidade de Évora

É com enorme satisfação que anunciamos a publicação do livro “As tradições do Vinho Madeira: Testemunhos de viticultores” nos Cadernos do Território (n.º 04/2025), uma coleção dedicada ao Património Cultural Imaterial, promovida pela Cátedra UNESCO em Património Cultural Imaterial e Saber-Fazer Tradicional: Ligação entre Património e Território da Universidade de Évora.

Assinado por António José Marques da Silva, Naidea Nunes Nunes e Rossana Andreia Neves dos Santos, esta obra reúne testemunhos valiosos de viticultores da Madeira, oferecendo uma perspetiva única e profundamente enraizada nas práticas, saberes e modos de vida associados à cultura da vinha e à produção do Vinho Madeira.

A introdução contextualiza estes testemunhos no quadro da Convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial (2003), sublinhando a importância de dar voz aos detentores de saberes — neste caso, os viticultores — como forma de reconhecer e preservar práticas ameaçadas. São precisamente os próprios entrevistados que, nas suas palavras, identificam os principais desafios à continuidade destas tradições: o envelhecimento da população agrícola, a pressão imobiliária sobre os terrenos de vinha, a dificuldade em atrair as novas gerações e a crescente desvalorização cultural do modo de vida rural. Ao optar por uma abordagem centrada na oralidade, a publicação oferece um registo vivo e urgente de um património em risco, reafirmando a importância da sua salvaguarda no contexto contemporâneo.

A publicação representa um contributo muito relevante para a candidatura das tradições do Vinho Madeira ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (PCI), na medida em que documenta e dá voz aos protagonistas deste património vivo. Ao reconhecer a centralidade dos viticultores enquanto detentores de saberes transmitidos de geração em geração, o artigo reforça a dimensão humana, identitária e territorial desta herança.

Este trabalho insere-se num esforço mais amplo de valorização e salvaguarda das práticas vitivinícolas tradicionais da Madeira, numa altura em que o fenómeno do abandono da cultura da vinha tem vindo a acelerar. Ao mesmo tempo que estas práticas se afirmam como elemento distintivo da paisagem cultural da ilha e símbolo da sua memória coletiva, enfrentam uma crescente fragilidade e risco de desaparecimento — o que torna ainda mais urgente o seu reconhecimento e preservação.

Convidamo-lo(a) a ler o artigo na íntegra através do portal da Cátedra UNESCO:
Cadernos do Território n.º 04/2025 – Série Património Cultural Imaterial

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